O avanço tecnológico que colocou, involuntariamente, uma câmera na mão de cada indivíduo através dos smartphones, nos trouxe a algo antes apenas experimentado na mitologia grega, através de Narciso. Hoje somos vorazes apreciadores do nosso próprio semblante. Uma febre, quase uma obsessão de fazer infinitos registros de si mesmo. Estamos na era das selfies.
Com isso, o sorriso e sua aparência ganharam o centro da cena, literalmente. A percepção do alinhamento, forma e cor alcançou uma evidência exacerbada entre os leigos, antes vista somente em profissionais da área. Naturalmente, veio a rebote a necessidade de autoinserção nos padrões de beleza vigentes. Sendo assim, procedimentos odontológicos como clareamento, correção ortodôntica e laminados cerâmicos cresceram em procura de forma espantosa.
O fato preocupante nesta tendência é a standartização do sorriso. Sorrisos produzidos de forma digital, baseados muitas vezes em padrões de harmonia dental obtidos em outros grupos populacionais têm muitas vezes produzido faces pasteurizadas. É premente a execução de aprofundamento do estudo dos parâmetros de desenho dental mais condizentes com a realidade do público brasileiro, oriundo de grande miscigenação. Somente assim, poderemos ver ,de verdade,quais são as cores e formas do genuíno sorriso brasileiro.
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