A SONEGAÇÃO NA VISÃO DO EMPRESÁRIO

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POR DÉCIO MUNIZ: CEO E FUNDADOR DA CONSULTEI CONSULTORIA

Quem nunca ouviu falar da omissão de informações ou o não pagamento de impostos como uma estratégia de sobrevivência?

Desde que entramos no mundo empresarial, presenciamos essas ideias em reuniões formais ou em conversas de “boteco” sobre como não é possível manter uma empresa tendo o governo como sócio.

Falando claramente, todas estas conversas nos levam apenas a uma só situação: a sonegação.

Mas antes que você desista de ler acreditando que irei falar mais do mesmo, eu não vou.

Para começar eu não sou contador, sou empresário. E assim como você, sei, por vivência – assistida e própria – que não é esse o caminho.

Existem muitos artigos que tratam das consequências legais desta prática e como a empresa, e em certas circunstâncias, os próprios empresários podem ser responsabilizados.

Porém, esse não é o objetivo deste texto.

Escrevi esses parágrafos para tentar alertar os empresários e gestores de que a sonegação de impostos não pode ser usada como uma estratégia empresarial para a perpetuação do negócio.

É preciso entender que essa manobra quando executada de forma sistemática, deve ser encarada, não como uma expertise, mas sim como um sinal de graves problemas de gestão.

Não é possível financiar uma operação por meio da sonegação.

É muito comum no meio empresarial as reclamações contra a elevada carga tributária cobrada pelo Governo e o seu uso como muleta para justificar o não pagamento dos tributos.

Realmente, temos um sistema fiscal complicado e injusto, que custa muito caro ao empresário.

Imposto é um “mal” necessário em um jogo democrático.

É a principal fonte de renda dos Governos para serem aplicados no pagamento dos gastos correntes e nos serviços essenciais à população.

Claro que todos sabemos dos problemas existentes na forma de gerenciar recursos públicos no Brasil: falta de ética, de preparo, enfim, é um show de horrores.

Porém, se engana quem pensa que sonegar é a forma mais assertiva ou inteligente do empresário “protestar” contra essas distorções.

A partir do momento que abrimos uma empresa em determinado mercado, “concordamos” com as regras do jogo.

Por isso é necessário entender as ameaças e oportunidades de onde queremos jogar.

Evoluir de um Empresário para um Gestor de Resultados é essencial. Como não é fácil mudar as regras do jogo, é urgente se preparar para jogar. Afinal o Brasil não é para amadores!

O planejamento tributário, a correta precificação, o aumento de produtividade, gestão dos custos, enfim, o conhecimento deve ser seu verdadeiro aliado na estratégia empresarial.

Aprender é sinônimo de mudança e evolução. Lembre-se, uma empresa só cresce até onde o conhecimento do gestor permite!

Infelizmente, a maioria dos empresários prefere olhar para fora da janela para culpar tudo e a todos por seus problemas e fracassos.

Olhar para dentro e entender suas fraquezas é muito doloroso.

Agora, estamos falando aqui da sonegação como forma de alcançar resultados e não como uma atitude pontual em um momento delicado ou mesmo por um fornecimento incorreto de informações devido às complicações do Fisco.

São ações diferentes.

Já que a maioria dos negócios do país são pequenas empresas familiares, geridas por pessoas sem a devida preparação gerencial, é de certa forma esperado que isso aconteça até com certa frequência.

Se a maioria não possui nem mesmo o básico como um fluxo de caixa implantado, o que dirá o controle fiscal e um planejamento tributário.

Como resultado, vemos a banalização dos programas de refinanciamento de impostos (REFIS).

Programas que inicialmente foram criados no intuito de ajudar tanto as empresas como o Governo em situações excepcionais.

Conheço empresas com inscrição em diversos programas deste e que mesmo assim, continuam se arrastando com resultados medíocres.

Será mesmo culpa dos impostos o fato de 40% das pequenas empresas fecharem as portas antes de completarem dois anos de existência?

Toda empresa deveria buscar o lucro por meio das ferramentas de gestão e não em atalhos e artimanhas.

Lucro e responsabilidade social não podem ser objetivos excludentes.

Fazer a diferença no meio em que se está inserido, melhorando de alguma forma a vida das pessoas que dela dependem ou tem relação, deveria ser um dos pilares da gestão de qualquer empresa.

Por fim, gostaria de dizer que ao longo da minha experiência como Gestor e Empresário não vi qualquer empresa, principalmente pequena, conseguir sustentar essa estratégia por muito tempo.

Pelo contrário, em algum momento a conta foi cobrada e os efeitos foram devastadores.

Os custos de financiamento por meio da sonegação são altíssimos e, dificilmente, compensam no médio prazo.

Sonegar como estratégia empresarial é um caminho arriscado e sem futuro.

Definitivamente, um dia a casa cai!

 

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