Cuidando de Mães Atípicas

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No mês da mulher não poderia começar escrevendo, nesta coluna de mulheres, sobre um tema tão emergencial como o do cuidado de mães atípicas.

O cuidar de quem cuida está sendo negligenciado e o número de mulheres que se suicidam tem crescido drasticamente em nossa sociedade.

Mas você deve estar se perguntando: – Por que uma psicopedagoga resolveu trazer esse tema para discussão?

É muito simples! Como terapeuta da aprendizagem preciso que as famílias estejam fortalecidas e cuidadas para que todo o trabalho realizado no set terapêutico tenha resultados positivos.

Você com certeza já deve ter ouvido falar da importância da parceria entre escola, terapeutas e família, que eu vou chamar aqui de tríade do bom prognóstico. Se uma dessas áreas enfraquece, os resultados demoram mais e muitas vezes o prognóstico torna-se desfavorável.

Orientar famílias é tão importante quanto conhecer a criança, criar vínculo, realizar um plano de desenvolvimento individual e intervir de forma assertiva com base na ciência e nas demandas do indivíduo.WhatsApp Image 2024 03 25 at 21.49.07O cenário que assistimos hoje, em sua maioria, é de mães sem nenhuma rede de apoio, cansadas, desesperançosas, lutando por direitos, sofrendo dia após dia na busca de oferecer uma vida de qualidade para os seus filhos atípicos.

Romantizar esse grupo de mães não torna o processo mais fácil e nem ajuda nas estatísticas para a diminuição de suicídio.

Embora não haja uma pesquisa que nos mostre os índices de suicídio podemos perceber um crescimento considerável, através das notícias que chegam através das mídias.

Segundo um artigo publicado no Canal Autismo, em 04 de agosto de 2022, 78% dessas mulheres são abandonados pelos maridos. Muitas delas não recebem apoio da família e ainda são excluídas dentro de um grupo que deveria acolhê-las.

Essa invisibilidade torna o caminho mais difícil, árduo, pesado, aumentando o medo, o desespero, gerando desesperança e aumentando o desejo de finalizar o sofrimento de uma vez por todas.

Imagine a rotina de uma mãe, com um filho autista nível 3 de suporte, tendo que levar para terapias, muitas vezes em lugares distantes e variados, receber cobrança dos terapeutas que orientam sobre a melhor forma de lidar com os desafios, mas que nem sempre é a forma possível, ter que cuidar da casa, da alimentação, dos cuidados básicos e de todas as desregulações que normalmente acontecem pela mudança de rotina ou pela dificuldade de comunicação.

E esse cansaço e exaustão não acontece só com os níveis de suporte mais elevados não. A mãe de uma criança de nível de suporte 1 também sofre com o desrespeito, com a falta de informação e entendimento da sociedade para com os comportamentos da sua criança.

Dizer que a mãe é guerreira, batalhadora, que o filho “não tem cara de autista”, que ela está fazendo um trabalho espetacular como mãe não é apoio e não vai ajudar em nada; muito pelo contrário. As mães têm ciência do que elas fazem por seus filhos.

Quando mencionamos rede de apoio falamos sobre um fazer que vai além de simples palavras. É sobre fazer algo que, de fato, ajude essa mãe a se olhar como pessoa que existe para além do cuidado com o filho. É um suporte que possa oferecer vida para essa mãe que se anulou em prol do cuidado do seu filho.

 

Mães Atípicas

 

Como terapeuta infantil de crianças com autismo conheço muitas histórias que vão desde a dificuldade das famílias em lidarem com o luto, de lidarem com comportamentos inapropriados, de lidarem com os prognósticos que nem sempre são favoráveis, até aquelas que se agarram no transtorno para justificarem tudo o que acontece e estarem num papel de serem vista como alguém que necessita de atenção.

Enquanto terapeuta é importante em todos os casos ter uma escuta acolhedora, empática e tentar compreender qual a melhor forma para aquela família, naquele momento, de lidar com as demandas e orientá-las.

Como sociedade é importante entender que somos todos diferentes, mas para além disso é importante respeitarmos e enxergarmos o outro, oferecendo o melhor que podemos para fazer a diferença na vida do outro, de forma afetiva.

Precisamos dessa reflexão para que, enquanto sociedade, nos conscientizemos da importância do conhecimento, do espaço de troca, de escuta, de lazer, enfim de cuidado de quem cuida.

Vem comigo fazer esse exercício de acolhida e respeito, fazendo a diferença na vida do outro?

Me chamo Gleice Kelly jales e sou Pedagoga de formação, especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e em Desenvolvimento Infantil.

Gleice Kelly Jales
21 98822-7785
@psicopgleicekelly

 

 

Perguntas e Respostas sobre: Cuidando de Mães Atípicas

Por que é importante discutir o tema do cuidado de mães atípicas?

É crucial discutir o cuidado de mães atípicas devido à negligência enfrentada por essas mulheres e ao aumento alarmante das taxas de suicídio entre elas.

Qual é a relação entre o trabalho terapêutico e o cuidado das famílias?

O fortalecimento e cuidado das famílias são essenciais para garantir resultados positivos no trabalho terapêutico, especialmente no contexto de crianças atípicas.

 

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