- Desacelerar também é Produzir: A Escolha de respirar em um mundo que corre
Parar não é perder tempo, é resgatar sua energia para criar com mais presença e intenção. Vamos falar sobre produtividade consciente e saúde emocional.
Você acorda, resolve, corre, entrega, cuida. Esse ciclo se repete ao longo do dia, cotidianamente.
Mas, no final do dia, você consegue se lembrar de como chegou até ali?
Essa sensação de viver no modo automático tem se tornado comum entre mulheres que empreendem, maternam e tentam dar conta de tudo.
Muitas vezes, acreditamos que a aceleração é parte natural da vida adulta, da responsabilidade, do sucesso. Mas será que é mesmo?
A hiperprodução -essa necessidade constante de estar fazendo, entregando, cumprindo prazos e expectativas – é um dos fatores que nos empurram para o automático.
E não, viver no automático não é sinal de desorganização ou falta de vontade.
É reflexo de uma cultura que transformou a produtividade em obrigação contínua, sem espaço para pausas, sem permissão para respirar.
E acredite, acelerar sem parar também é se desconectar de si.
É deixar de sentir, de se escutar, de perceber o que realmente importa.
E esse distanciamento impacta diretamente sua energia, sua criatividade e sua clareza.
- A Sociedade do Cansaço e a armadilha da performance infinita
O filósofo Byung-Chul Han descreve o que vivemos hoje como a Sociedade do Cansaço — um sistema em que a pressão por produzir não vem mais apenas do mercado, do chefe ou de padrões externos.
Agora, somos nós mesmas que nos cobramos, nos pressionamos, nos esgotamos.
É como se, para ser uma boa profissional, uma boa mãe, uma boa empreendedora, fosse necessário estar sempre em alta performance, sempre disponível, sempre entregando.
E nessa lógica, descansar virou sinônimo de fraqueza.
Parar parece perigoso.
Desacelerar soa improdutivo.
Ao passo que tanta cobrança leva a um único lugar: o adoecimento mental.
O cansaço crônico não tratado se transforma em burnout, depressão e até em diagnósticos equivocados de TDAH.
Quantas vezes você já se pegou pensando:
“Será que eu tenho TDAH? Será que eu sou desorganizada demais? Será que o problema é comigo?”
Mas será mesmo?
Será que o problema está em você — ou na cultura que te empurra para um ritmo que ninguém consegue sustentar sem adoecer?
- Viver no automático é sobreviver — não viver plenamente
Com o tempo, fomos eliminando os “espaços de pausa” das nossas vidas.
A tecnologia chegou para otimizar processos e economizar tempo e assim agora nós, pulamos intervalos comerciais ou pagamos para que eles nem apareçam, maratonamos séries sem pausa, pagamos contas com um clique, fazemos compras por aplicativos… Tudo isso deveria nos dar mais tempo livre.
Mas a pergunta é: o que você tem feito com o tempo que economiza?
Se, mesmo com tanta “agilidade”, você sente que não sobra tempo nem para beber água ou ir ao banheiro em paz… algo está errado.
Quando a sobrecarga se torna regra, o corpo e a mente entram no piloto automático como forma de continuar. É uma resposta de sobrevivência.
O problema é que permanecer nesse estado, dia após dia, vai nos desconectando da nossa essência, dos nossos desejos, da nossa criatividade.
É como dirigir sem destino, apenas seguindo a estrada que nos colocaram. E, aos poucos, você deixa de saber se está avançando ou apenas funcionando.
- Equilibrar produção e descanso não é luxo , é estratégia de permanência.
Encontrar um equilíbrio entre fazer e pausar não é utopia.
É uma necessidade real para quem quer crescer sem se perder no caminho.
Descansar não é o oposto de ser produtiva.
Descansar é o que sustenta uma produtividade consciente, saudável e criativa.
É na pausa que você escuta sua intuição.
É na desaceleração que você se reconecta com o que realmente importa.
E é desse lugar de presença que surgem as ideias mais genuínas, as decisões mais assertivas e os projetos mais autênticos.
- Pequenos respiros que fazem grandes diferenças
Você não precisa transformar toda sua rotina de uma vez.
Mas pode começar a criar pequenos espaços de presença, que vão te devolver o controle sobre o seu ritmo.
Aqui vão algumas orientações simples e poderosas:
- Pausas conscientes de 5 minutos sem celular ou interrupções.
- Perguntar-se ao longo do dia: “O que eu estou sentindo agora?”
- Reservar pequenos momentos para fazer algo que te reconecte (música, respiração, escrita, silêncio).
- Entender que descansar não é improdutivo – é ser estratégica com sua energia.
- Redefinir sucesso como um caminho sustentável, e não como uma corrida sem linha de chegada.
Esses pequenos gestos são como respiros de autonomia em meio ao caos. Aos poucos, eles vão transformando seu modo de viver, trabalhar e cuidar de si.
- Desacelerar é também produzir, de um jeito que te sustente
Você não foi feita para viver em modo de entrega contínua, você é uma mulher que pensa, sente, sonha e cria.
Equilibrar produção e descanso não é um privilégio.
É um direito. E mais do que isso, é uma escolha consciente de autocuidado e respeito por si mesma.
Talvez você não consiga mudar tudo de uma vez.
Mas a cada pausa que se permite, você começa a recuperar a direção da própria rota.
🌿 Que tal começar hoje?
Fabíola Souza
Pedagoga – Especializada em Gestão de Pessoas
Whatsapp: 21 98716-7613
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@fabisouza.maternarconsciente
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