Por trás do cuidado, existe uma mulher que também precisa ser vista
1. Um olhar para a sobrecarga visível e invisível.
Mãe, profissional, filha, amiga, dona de casa, empreendedora, esposa… são muitos os papéis que mulheres desempenham na sociedade diariamente. Com as transformações sociais das últimas décadas, elas ultrapassaram os limites do cuidado do lar e dos filhos e se lançaram no mercado, nos negócios e nos sonhos.
Em meio a tantas mudanças não cabe mais as mulheres serem as únicas responsáveis pelo cuidado, até porque o cuidar que é visto como um ato de amor, pode ser também um ato de esgotamento quando constante, unilateral e invisível.
Por trás de tanto acolhimento, refeições preparadas, noites mal dormidas, escuta ativa e resoluções sem fim, existe uma mulher com limites, sentimentos e necessidades. Este artigo é um convite à reflexão: quem cuida, também precisa ser cuidado. Porque a base de uma família saudável começa com o amparo emocional de quem exerce a função da manutenção do cuidado, hoje em sua maioria mulheres e mães.
2. O Papel da mulher no cuidado
Historicamente, o papel de cuidar recaiu sobre as mulheres. Desde cedo, aprendemos a cuidar do outro, a colocar as necessidades alheias acima das nossas Essa herança silenciosa se perpetua, vira crença e tornam-se grandes falácias: “Ela dá conta de tudo”, “mãe não adoece”, “ela faz melhor”.” — e assim as necessidades das mulheres ficam em segundo plano, mas o cuidado só é sustentável quando ele também retorna para quem o oferece.
E falta de olhar para o equilíbrio nas relações do cuidado nasce a carga mental — o planejamento, o lembrar de tudo, o antecipar o caos. Invisível aos olhos, mas pesada no corpo.
Segundo o IBGE (2022), as mulheres brasileiras dedicam, em média, 9,6 horas semanais a mais do que os homens às tarefas domésticas. E uma reportagem da Exame mostra que elas somam cerca de 61 horas semanais de trabalho não remunerado. Isso é economia invisível — e custa caro: saúde, tempo, identidade.
Alguém precisa cuidar para que tudo funcione, alimentação, cuidado com a casa, roupas, manutenção da casa, gerenciamento do lar, cuidado dos filhos, cuidado com os pais, pessoas que adoecem na família, até mesmo o cafezinho que é realizado no ambiente de trabalho.
A grande questão não é apenas a quantidade de horas dedicada, mas a quantidade de sobrecarga acumulada, pois essa é apenas uma das muitas parcelas de responsabilidades das mulheres. Enquanto elas cuidam de tudo… quem cuida delas?
3. Saúde mental e bem-estar da mulher cuidadora
Exaustão emocional, cansaço crônico e sobrecarga mental fazem parte da realidade de muitas mulheres. Ainda assim, o adoecimento é romantizado: “Ela é forte”, “ela aguenta”.
Mas ninguém deveria ter que aguentar tudo.
A saúde mental feminina — especialmente materna — precisa ser pauta urgente. E não como luxo, mas como pilar de uma estrutura familiar e social saudável.
4. A sobreposição de papéis: Mãe, Profissional, Parceira e Cuidadora
Ser tudo para todos tem um preço: perda de identidade, culpa constante, autocobrança.
Muitas mulheres se sentem insuficientes, mesmo fazendo o impossível. Empreendedoras que atrasam projetos por falta de rede de apoio, mães que atendem clientes com criança no colo, parceiras que tentam conciliar tudo…
É hora de olhar para a mulher por trás desses papéis e perguntar: ela tem espaço para ser apenas ela?
5. Autocuidado não é egoísmo, É necessidade
Autocuidado não é sobre spa ou silêncio absoluto. É sobre respeito aos próprios limites, direito ao descanso, tempo para si. Quando entendemos que cuidar de si é o primeiro passo para cuidar com mais presença, abrimos espaço para o equilíbrio. O autocuidado é o respiro que recarrega, é o colo que muitas vezes não chega de fora — e precisa vir de dentro.
6. Impacto do bem-estar materno na relação familiar
Crianças não precisam de mães perfeitas, mas de mães inteiras.
Quando a mulher cuidadora está bem, a família sente. O lar se torna mais leve, o vínculo mais forte, a convivência mais saudável.
O equilíbrio emocional da mãe não é apenas dela – ele reverbera: na casa, nos negócios, nos relacionamentos deixando-os mais saudáveis.
7. O papel da sociedade na valorização de quem cuida
Não dá mais para esperar que mulheres deem conta de tudo sem estrutura.
É responsabilidade coletiva construir condições reais de apoio:
• Políticas públicas que respeitem as mães e cuidadoras
• Ambientes de trabalho empáticos e humanos
• Redes de apoio que funcionem na prática, não só no discurso
Não basta romantizar o cuidado. É preciso sustentá-lo.
8. Conclusão e chamado à reflexão
Por trás da mulher que empreende, que cuida e que lidera, existe alguém que também merece ser vista e acolhida.
Não como heroína incansável, mas como ser humano completo. Que esse artigo possa abrir caminhos de reflexão, empatia e mudança. Que mais mulheres possam se reconhecer e dizer: “Eu também mereço cuidado.” E que, como sociedade, saibamos responder: “Sim, você merece.”
Precisamos sair do lugar do cuidado como responsabilidade dos indivíduos e ampliar essa responsabilidade para o âmbito social, porém enquanto isso não acontece, comece a se cuidar, saia do automático, respeite seu tempo, seus limites se priorize com mais frequência, delegue, e até mesmo ignore aquilo que não é sua responsabilidade.
Não podemos normalizar a exaustão como sinônimo de força. Precisamos validar as pausas, os pedidos de ajuda, os limites.
Você merece ser cuidada. Porque, quando uma mulher é cuidada, ela transforma tudo ao redor.
Fabíola Souza
Pedagoga – Especializada em Gestão de Pessoas
Whatsapp: 21 98716-7613
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@fabisouza.maternarconsciente
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