REVELANDO SUA HISTÓRIA: A IMPORTÂNCIA DE TER FOTOS IMPRESSAS

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Já dizia o poeta: “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Na certeza dessa premissa, a possibilidade de revisitar um passado feliz, nem que seja em pensamento, é sempre uma experiência prazerosa. E a fotografia tem esse poder. Ao olhar para uma foto, riquezas de detalhes são observadas e, na nossa mente, uma cena é reconstruída.

Eu me lembro com saudades do tempo de criança. Minha avó paterna possuía uma caixa preta, onde guardava as fotografias da família. Considerando que nasceu em 1904, tínhamos ali imagens, até mesmo, do século anterior ao seu nascimento. Muitas daquelas pessoas retratadas nas fotografias não eram por mim conhecidas, mas, regozijava-me na possibilidade de observar os detalhes de cada uma (roupas ,acessórios, penteados, posturas) e imaginar como viviam. Ao falecer, algumas fotos foram distribuídas entre as minhas tias. Não manifestei interesse, mas sinceramente, gostaria de ter ficado com aquele baú de lembranças.

Ao dividirem as imagens, muitas se perderam e, ao perguntar por elas, descobri que boa parte daquele acervo lindo se desintegrou.

Ainda pensando sobre o meu passado, recordo as experiências de revelação fotográfica. As câmeras analógicas não permitiam um contato imediato com o resultado da captura. Eu, particularmente, ficava ansiosa em saber como ficariam as imagens. Lembro-me que viajava levando três, quatro rolos de filme. Nessa época, nem sonhava em ser fotógrafa, mas adorava ser fotografada. Ao retornar, imediatamente me dirigia ao laboratório. Havia a opção de esperar 24 horas ou pagar um pouco mais e ter uma revelação imediata. A segunda, era sempre a minha opção. Minha ansiedade não medeixava esperar. Eu e todos os demais clientes, saíamos felizes com nossos álbuns na mão, vendo e revendo, euforicamente, cada imagem.

No entanto, a era digital trouxe consigo a tecnologia avançada, por muitos nunca imaginada. O imediatismo que permite que, em frações de segundos, seja possível ter em mãos os registros fotográficos. Um acervo verdadeiramente inimaginável há anos atrás, hoje está disponível e popularizado. São fotos capturadas a todo momento, que percorrem o mundo, por meio da internet. E isso é incrível realmente! Sem dúvidas, o advento dessa modernidade possibilitou inúmeras vantagens, mas lamento que algumas práticas positivas tenham se perdido e é sobre a importância de resgatá-las  que vou falar.

A facilidade de armazenamento de imagens no celular fez com que a revelação fosse reduzida. Hoje, o acervo das pessoas, concentra-se nos álbuns das redes sociais. Nada contra!. Julgo interessante a possibilidade de compartilhamento de experiências através desse serviço. Há aqueles também que utilizam o serviço de nuvens, mas a maioria guarda em computadores ou  HDs externos essas fotografias digitais. Entretanto, o ritmo frenético do cotidiano faz, muitas vezes, que deixemos a organização desses dados sempre para depois e aí, imagens preciosíssimas se perdem. Panes nos aparelhos também são outras possibilidades que ao ocorrerem, levam a destruir banco de imagens construídos ao longo de anos. É um risco grave, que pode por a perder relíquias de valor afetivo altíssimo.

Além das fotos reveladas evitarem essa perda, outro fator interessante é que a foto “palpável” é sempre mais interessante. Ao receber visitas em sua casa, você não pedirá a ela que sente junto ao computador e acesse a pasta com fotos, não é mesmo? Um álbum, seja ele de casamento, aniversário, viagem… fotolivros com registro do cotidiano, ou mesmo aqueles miniálbuns muito simples,fornecidos pelos laboratórios de revelação… todos eles sempre têm o seu fascínio. É agradável a expectativa da próxima página que está por vir, de ver as mudanças físicas que cada retratado e até mesmo observar as tendências de moda de uma época, que hoje, até nos rouba gargalhadas, ao som da pergunta:”Como pude usar isso”?

Jamais vou esquecer a campanha de uma marca de pomada infantil que reuniu vários profissionais, destinados a presentearem com um álbum de ilustrações, três famílias que adotaram crianças já em idade mais avançada. O desafio desses ilustradores foi reunir imagens dos pais há anos atrás e imaginar como seriam essas crianças enquanto bebês, já que não se tinham nenhum registro fotográfico delas. A partir desses elementos, tiveram que construir cenas  que sugerissem a vivência deles numa fase anterior a adoção, como se as crianças tivessem nascido mesmo naqueles lares. A emoção dos participantes foi incrível ao receberem os álbuns. Isso corrobora a ideia da afetividade contida em histórias familiares traduzidas nas fotografias.

Ainda destacando o componente emocional do compartilhamento e visualização de imagens em grupo… há poucos dias, uma colega de trabalho comentou que , naquele final de semana, sua família iria se reunir ( mãe, irmãos , sobrinhos, tios, primos). Passariam a noite e a madrugada juntos, comendo, bebendo e confraternizando. O que me chamou a atenção é que cada um deveria levar fotos antigas da família, para que vissem juntos, ao longo da celebração. Imagino o quão agradável foi esse momento, certamente regado de risadas e interação.
O álbum de família é uma prática a ser resgatada. Ele é passado de geração a geração, conta histórias, evita que imagens sejam perdidas e estimula a interação entre os familiares. Tantas vantagens precisam trazê-lo novamente à rotina contemporânea. Que eles voltem a ser espalhados pelos cômodos da casa, sob a guarda de um criterioso colecionador.

Compreendendo a importância da foto impressa e de acervos bem guardados, como forma de perpetuação da memória social, narrativa e representação e , por isso, finalizo, sugerindo   três ações. A primeira é: Organize seu acervo fotográfico digital. Existem serviços gratuitos de nuvens. Encaminhe cópias para ele. Assim, não perderá o material em caso de qualquer fatalidade. Segunda ação: Reveja os álbuns que possui. Deixe inebriar-se por esses sentimentos saudosistas e perceba o valor que eles têm. Por fim: Não deixe o ato da revelação para depois! Gostou da imagem? Revele-a! Você pode se programar para fazer revelações mensais. Tire um tempo, a fim de realizar a seleção. Escolha as imagens mais relevantes. Hoje em dia, faz-se tantas capturas em sequência!! Um pequeno detalhe pode fazer toda a diferença. Observe uma a uma e verá que há sempre aquela que traduz melhor o momento.
Enfim, fotografia é o tempo congelado em forma de imagens, o momento eternizado…  Quando você não estiver mais aqui, é ela que falará sobre os episódios de sua vida à sua descendência.

Desejo que essas atitudes lhe proporcionem uma preciosa experiência e tragam sentindo para você. E assim, cada momento, uma vez fotografado, seja também revelado. E então, verá, na coletânea construída de momentos, os inúmeros motivos que têm para ser grato por sua existência.

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Facebook: Cláudia Polycarpo Fotografias

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